Parlamentares de Mato Grosso do Sul intensificaram a pressão pelo adiamento do leilão de concessão da BR-163, principal rodovia do estado. Em audiência pública realizada na última quinta-feira (7), deputados estaduais e federais manifestaram sua preocupação com o processo licitatório, agendado para o próximo mês de maio. A ausência da concessionária atual, CCR MS Via, nos debates acirrou ainda mais os ânimos.
Entre os argumentos apresentados, destacou-se a necessidade de uma avaliação mais completa dos problemas enfrentados pela população antes da definição do novo contrato de concessão, que irá vigorar pelos próximos 30 anos. O deputado federal Beto Pereira (PSDB) alertou sobre a possibilidade de suspensão judicial do processo, ressaltando que a bancada pode apoiar ações civis públicas para esse fim.
Júnior Mochi (MDB), deputado estadual, defendeu a suspensão do leilão por um período de 90 a 120 dias, para que as questões pendentes sejam debatidas adequadamente. Ele argumentou que após a conclusão do leilão, as possibilidades de negociação seriam reduzidas significativamente. Marcos Pollon (PL), também deputado federal, apontou o inadimplemento do contrato atual e a falta de duplicação completa da rodovia como justificativas para a intervenção do Ministério Público Federal.
Cláudio Cavol, diretor-presidente da Setlog MS (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logísticas de Mato Grosso do Sul), alertou que a manutenção da concessionária atual pode gerar aumento nos preços de produtos transportados pela via. A CCR MS Via, desde 2014, se comprometeu a duplicar quase todo o trecho da BR-163 em Mato Grosso do Sul. Contudo, até o momento, apenas 18% do previsto no contrato inicial foi concluído, ou seja, apenas 150 quilômetros de pista duplicados.
A rodovia em questão, que corta 18 municípios sul-mato-grossenses, afeta mais de 1,3 milhão de pessoas. Em 2024, foram registrados 865 acidentes, com 74 mortes. Caso não haja propostas no leilão, a CCR MS Via permanecerá na administração da BR-163 por mais 30 anos, porém, com um novo contrato prevendo investimentos bem inferiores aos inicialmente estabelecidos em 2013.
A preocupação com a segurança e a infraestrutura da rodovia também foi expressa por representantes da comunidade. Moradores de bairros próximos à BR-163 relataram o aumento dos acidentes, incluindo casos de vítimas fatais. Valmira Rigotti, presidente da Associação de Moradores do Jardim Noroeste, e Lindamar Rodrigues, vice-presidente da Associação de Moradores do bairro Chácara dos Poderes, cobraram melhorias na sinalização e infraestrutura viária para evitar novas tragédias.