Após 33 anos desde a criação do primeiro assentamento em Sidrolândia, o Capão Bonito I, apenas 46,86% dos 4.483 beneficiários da reforma agrária continuam em suas terras ou transferiram os lotes para os filhos, resultando em 2.101 assentados ativos. O restante, ou seja, 2.382 pequenos produtores, que representa mais de 53%, optou por vender seus lotes ou firmar parcerias com vizinhos interessados na cultura de soja e milho, que ocupam cerca de 30 mil dos 48 mil hectares desapropriados para a reforma agrária.
Alberto Alves de Souza, presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, destaca que "hoje, a única área sem plantio de soja é o Assentamento Nazareth, devido ao solo arenoso". No Assentamento Jibóia, muitos assentados, como o conhecido Buiu, têm enfrentado a venda de seus terrenos, com fazendeiros formando grandes áreas produtivas. Esse fenômeno é considerado por muitos, como a utilização de 1.169 lotes que estão "desaparecendo" do censo de propriedades de agricultura familiar.
O relatório elaborado pela Secretaria de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) revela que Sidrolândia possui 3.314 propriedades rurais familiares, com 4.483 lotes nos 28 assentamentos. Dentre esses, 845 agricultores são proprietários, enquanto 2.101 aguardam a titulação pelo Incra. O diagnóstico da Semadesc também aponta diversos desafios, incluindo a falta de assistência técnica, dificuldades de captação de crédito e escoamento da produção, comprometendo a viabilidade econômica.
A pesquisa indica que 66% das propriedades produzem apenas para subsistência, e apenas 1.698 assentados possuem a Declaração de Aptidão do Produtor (DAP), com um pífio 7,84% recebendo assistência técnica. Com 42% dos assentados tendo mais de 60 anos e enfrentando problemas de saúde, a tendência de êxodo rural se acentua, com quase 10% dos agricultores familiares já não residindo mais no campo.