Os juros básicos do Brasil devem alcançar 14,25% na quarta-feira (19), um nível que teve sua manutenção de 2015 a 2016. A expectativa do mercado é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que inicia uma reunião para discutir a taxa, siga o guidance já indicado em dezembro, elevando a Selic em um ponto percentual a partir do atual patamar de 13,25%. A atenção dos investidores se volta ao comunicado da reunião, especialmente após o BC ter deixado suas futuras decisões de política monetária condicionadas a dados econômicos.
Uma pesquisa pré-Copom do BTG Pactual revela uma divisão na visão do mercado sobre a postura do Copom: enquanto 38% acreditam que o comitê deve manter a porta aberta com um comunicado mais neutro, uma parte considerável propõe que o tom deva indicar uma redução no ritmo de ajuste dos juros na próxima reunião. Os dados recentes mostram uma deterioração no cenário internacional e na atividade econômica desde a reunião anterior, porém o cenário fiscal e as expectativas para a inflação permanecem estáveis.
Em meio a uma inflação resiliente, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou para 1,31% em fevereiro, a maior elevação para o mês em 20 anos. Apesar de tentativas de controle da inflação por meio de uma política monetária restritiva, analistas do UBS prevêem uma elevação adicional de 1 ponto percentual na reunião de maio, acreditando que qualquer desaceleração na alta de juros poderia ser interpretada como uma postura do BC menos rigorosa em relação à inflação.
Além disso, a discussão sobre a atividade econômica ressalta a preocupação com a expansão acima da capacidade sustentável e a relação entre cenário fiscal e inflação. Economistas indicam que cortes de juros podem não ocorrer neste ano devido à inflação persistente, com possíveis ajustes mais tarde se o cenário fiscal não se deteriorar. O Deutsche Bank alerta para os riscos de estagflação, destacando como medidas de estímulo ao crédito e reformas fiscais podem exacerbar as pressões inflacionárias até as eleições de 2026, sugerindo um cenário desafiador similar ao vivido em 2015 e 2016.